Portal Espiritualista

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O que eu penso sobre a Teoria da Reencarnação

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Recentemente citei em um artigo que pessoalmente não creio na teoria da reencarnação. Nunca entrei nesse assunto por considerar uma polêmica desnecessária, que não afeta o essencial, as percepções que realmente importam. No entanto, desde então, tenho recebido e-mails de gente querendo saber o que penso a respeito e a razão pela qual penso o que penso. Respondi o último deles como forma de responder à quem porventura tem dúvidas em relação a minha opinião. Adianto que não pretendo iniciar debates, tampouco entrar em nenhum tipo de confronto ou discussões acaloradas. Não acho que seja necessário. É o que penso e espero que lhe seja útil de alguma maneira. Fique bem !

“Flavio, Sempre quis te fazer uma pergunta:O que você me fala sobre reencarnação. Vc acredita? Ou acha que morremos e acabou tudo? Não é uma questão de religião. É sobre a seqüência disso tudo aqui…”

Resposta: Acredito que seja importante começar falando sobre o tempo. Einstein deu o start a conversa com a teoria da relatividade, ou seja, a maneira como percebemos o tempo se vincula ao nosso deslocamento em relação a velocidade da luz.

Depois disso, avanços na teoria especulam sobre a possibilidade de acessarmos o que chamamos de passado ou futuro, “bastando” criar mecanismos de aceleração a tal nível que não danifiquem o corpo humano, o que parece ainda um pouco distante.

Recentemente um experimento com um potente acelerador de partículas trouxe alguns avanços nesse estudo.

Por que estou dizendo isso? Porque, se o tempo é apenas uma referência de percepção limitada e contingenciada por nossa condição física, não fica difícil crer que presente, passado e futuro são absolutamente relativos. Por isso falo tanto sobre a importância de estarmos no único tempo que existe, a ele chamamos “agora”. Só o agora é real.

Mas não apenas o tempo, o espaço também.

Afinal, para que eu me desloque no espaço, preciso do tempo. Se um é relativo o outro também é, o que me leva a pensar na possibilidade de que tudo aconteça ao mesmo tempo e no mesmo espaço, apesar de, em nossa percepção, ser diferente.

Isso posto, vamos à sua pergunta: “Você crê na reencarnação?”

A explicação da teoria da reencarnação é algo linear. Você morre, vai para um dos céus, fica lá, espera, depois volta, nasce de novo e assim sucessivamente. Não creio que seja exatamente assim.

Se o tempo é algo físico, não vejo sentido em fixar na espiritualidade essa visão linear, limitada e condicionada a minha percepção. Geralmente usa-se essa teoria para explicar possíveis injustiças, afinal, que sentido faria que um nasça rei, outro mendigo, um saudável outro natimorto e assim sucessivamente? Seria injustiça ! Concluímos.

Sinceramente condicionar acontecimentos a nossa limitada e moralista compreensão de justiça e injustiça para validar qualquer teoria não me parece o caminho mais equilibrado.

Aliás, vejo equilíbrio em toda a natureza, em todos os processos biológicos, na vida de maneira geral, de modo que me parece no mínimo estranho que uma vida não seja o suficiente, muito menos criar categorias de justiça baseadas no tempo “é justo viver 90 anos, é injusto morrer aos 2 meses”, que seja necessário voltar e voltar e voltar como se a existência de alguém no corpo precisasse de complementos, de retornos.

Mas, se não creio na teoria da reencarnação como comumente se explica, creio que exista outro fenômeno e esse está ligado ao fato de sermos vinculados. De alguma maneira também creio que a interpretação humana desse fenômeno gerou os desdobramentos que aprendemos a chamar de reencarnação.

Preste atenção: Creio que precisamos da experiência do ego para existirmos funcionalmente na dualidade, preciso pensar que sou o Flavio para falar com a Celi, que precisa da consciência de ser a Celi para lidar com a Maria e assim por diante.

No entanto acredito que, assim como o tempo e o espaço, o ego seja apenas uma ferramenta de percepção, mas ainda assim não pode expressar em plenitude o que somos em essência. Por isso devemos sempre relativizar a experiência do ego, jamais transformando-a em absoluto. Isso nos tiraria a percepção de que na verdade somos um.

Acredito que essencialmente estamos todos conectados, todos fragmentos de uma única essência, a mesma fonte, gotas do mesmo oceano, vinculados em todas as experiências, atemporais, em uma única dimensão. (lembra de nossa conversa no início do texto?).

O que estou dizendo é que tudo o que houve, há e haverá, de alguma maneira acontece ao mesmo tempo e com todos, de modo que ainda que não possamos assimilar na mente humana, cada um de nós é parte da experiência do outro, do outro e de todos. No fim, cada experiência humana, em todos os tempos, de cada homem e mulher, atinge individualmente cada ser que esteve, está ou estará no planeta, sem a necessidade que esse reencarne com outra personalidade.

Tudo o que você vive me afeta em algum nível e tudo o que eu vivo mexe contigo e com todos, ainda que não tenhamos consciência da dimensão desse compartilhamento.

Isso cria uma teia de conexões que pode ser acessada sensorialmente, ainda que o acesso às informações não carregue necessariamente a explicação do fenômeno.

Daí as interpretações de acordo com culturas, crenças, arquétipos, projeções e, na minha opinião uma delas é a reencarnação. Por isso a sensação de que “na outra vida fui fulano”, “fiz regressão e me vi falando alemão no corpo de um camponês do século 16″, “pude reviver experiências e locais ou tempos que jamais estive, concluindo que aquele era eu”. De alguma maneira era sim, e era eu também.

São explicações do ego, percepções separadas (eu, você, passado, futuro), interpretações de um fenômeno mais abrangente que na minha opinião não se refere a uma consciência que necessariamente sai de um corpo e entra no outro, mas de nossa capacidade sensitiva de furar membranas dimensionais e capturar informações que nos parecem do passado, mas que na realidade acontecem ao mesmo tempo, no tempo sem tempo, no espaço sem espaço e nos atinge como seres vinculados, apesar da experiência temporal e limitada do ego.

Finalizando, diante disso não há como pensar que depois da experiência da morte tudo “acaba”. Se não há tempo, uma vez vivo, sempre vivo.

Não me pergunte como será essa relação tempo e espaço depois, como perceberemos os outros seres e a nós mesmos, não tenho respostas definitivas quanto a isso, mas me permito acreditar que finalmente despertaremos.

Tudo estará claro, inclusive os vínculos, os significados, as conexões.

Creio que nossa vida na terra tem ligação visceral com o que “seremos” depois, afinal, penso que cada escolha aqui contribui para o que estou me tornando, ainda que eu já tenha me tornado, ainda que eu já tenha vivido e exista de alguma maneira, condicionado às minhas limitações para explicar, mas sim, exista aqui e “lá”, seja e não seja, estou e não estou ao mesmo tempo, no tempo que não é.

Nossa mente só pode pensar segundo categorias de tempo e espaço, por isso é tão difícil entender, mas falo sobre percepções, movimentos interiores que me sinalizam que, parafraseando Hamlet de Shakespeare “há muito mais entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”. E é isso que dá graças as coisas né?

Por fim, respeito e não quero interferir na crença de ninguém a esse respeito, essa é apenas a minha opinião.

Sinceramente, não acho que a compreensão ou falta de compreensão do assunto interfira no que realmente importa. No fim das contas, vale um coração pacificado, grato e simples de quem já entendeu que, independente de quais sejam seus movimentos ou crenças, acima disso, bem acima, vale como se expressam em atitudes de amor, com o próximo, na vida, em tudo. Essa é a linguagem mais poderosa, o início e o fim de todas as experiências.

Beijo, fique bem !